Dr. Emerson Marinaldo Gardenal é Delegado de Polícia

MINHA TRAJETÓRIA NO CONCURSO PARA DELEGADO.
Emerson Marinaldo Gardenal é Delegado de Polícia
Carta Forense – Em que momento decidiu se enveredar pelos concursos públicos?

Emerson Marinaldo Gardenal – Iniciei a trajetória desde cedo. Com 14 anos, trabalhava como funcionário de uma Associação, na Delegacia de Trânsito de Piracicaba. Ingressei no exército com 17 para 18 anos, na cidade de Campinas e com 19 anos ingressei na Polícia Civil, na carreira de Escrivão de Polícia onde exerci as atividades do cargo na cidade de Piracicaba/SP. Ingressei na faculdade de Direito com 21 anos e após o bacharelado passei no exame da Ordem. Depois comecei a estudar para o concurso de Delegado. Estudava sozinho e sem orientação. Estava “patinando” nos estudos e não conseguia aprovação. Resolvi cursar pós-graduação e fazer cursinho preparatório especializado à carreira de Delegado de Polícia, na cidade de São Paulo – no curso DEPOL. Alguns meses depois fui aprovado, no concurso DP-1 2001, para exercer o cargo de Delegado de Polícia. Com esta aprovação, pela dedicação ao estudo, fui convidado a ministrar aulas no mesmo curso onde era aluno e então iniciei a carreira no magistério.

CF- Quando iniciou seu preparo? Qual metodologia usou?

EMG – Como disse, estudava sozinho e não conseguia direcionar o estudo para aprovação. Estudava muita coisa, embora interessante, mas sem vinculo ao concurso. Quando ingressei no cursinho, com orientação, passei a direcionar o estudo. Comecei a estudar exatamente o que pediam no edital e utilizava a metodologia explicada pelos professores que orientavam o que fazer em cada fase e como proceder no momento de cada prova.

CF- Que medidas o senhor tomava para enfrentar as matérias que tinha mais dificuldade?

EMG – Algumas matérias, como Direitos Humanos, quando comecei a estudar me estressava. Ficava desanimado só de pensar que deveria ler os tratados e as convenções ratificados pelo Brasil. Tinha verdadeiro asco. Que calvário!! A matéria era objeto de questões e era necessário estudá-la, porque era pedido no edital e no concurso. Se não a estudasse não seria aprovado. Então assumi o compromisso de entendê-la e passei a estuda-la para entender o porque de sua existência. Depois que a entendi, achei-a maravilhosa e hoje é uma das matérias que mais gosto.

CF- Quanto tempo demorou para ser aprovado no primeiro concurso?

EMG – Depois que comecei a estudar corretamente foi bastante rápido; alguns meses somente.

CF- A Polícia Civil sempre foi seu foco principal?

EMG – Sim, com certeza.
CF – O senhor sofreu com a cobrança de familiares e amigos em relação à aprovação?

EMG – Muito. A cobrança feita por familiares e amigos é estressante. Muitos não acreditam em sua vitória. Outros, sequer querem que você vença. Outros tentam leva-lo a não estudar e sim a se divertir. Mas se o objetivo for bem traçado, ninguém faz você desistir e mudar de caminho, mesmo havendo reprovações. Sofri muito com isso. Até pessoas próximas, me questionavam. Quando fazia um concurso e não conseguia a aprovação diziam que não era meu talento, colocavam em dúvida a minha capacidade e diziam para procurar outra coisa que seria melhor e menos sofrido. Absurdo… venci e se venci acredito que qualquer um vence, basta ter vontade e objetivo.

CF- Depois de aprovado, como foi sua rotina de delegado recém empossado?

EMG – Depois da aprovação você sente a sensação de vitória. É muito bom. Inicia-se os estudos na Academia de Polícia e lá você permanece por alguns meses, apreendendo o que é necessário para desenvolver a profissão. É um curso bastante direcionado e objetivo e demanda uma dedicação. Em seguida você é designado para uma Delegacia onde começa a exercer as atribuições do cargo, geralmente como plantonista. Você aprende muito nos plantões. É inacreditável.

CF- Qual o momento mais engraçado da sua carreira como delegado?

EMG – Foi numa Delegacia em Campinas/SP. Estava fazendo plantão e na ocasião lavrava um flagrante onde estava presente o preso, um advogado, policiais militares, na escolta do preso, e o escrivão, que digitava o flagrante. Logo, chegou uma senhorita, com aproximadamente 35 anos e muito gorda. Lembro-me que ela estava toda maquiada, com baton, blusa decotada e saia. Queria ela falar com o Delegado. Indaguei-a e ela me disse que namorava e que estava desanimada com o namoro e que ela era virgem. Interrompeu a fala e ficou olhando fixamente para mim. Disse a ela que não via problema algum no que ela me dizia. Ela insistentemente falava que era virgem e que estava desanimada com o namoro. Continuei dizendo que não via nenhum problema no que ela me dizia e que não estava entendendo. Então disse ela que tinha comparecido por diversas vezes naquele local e havia observado todos os Delegados e que ela tinha me escolhido para resolver o problema dela, já que o namorado não resolvia. Todos riram. Como não poderia resolver o problema, mandei-a conversar com alguns policiais que estavam na Delegacia e ela foi em direção a um grupo de policiais que faziam uma rodinha, no aguardo da lavratura do flagrante. Logo o primeiro saiu de fininho, depois o segundo e em seguida o terceiro, até que ela ficou sozinha. Ficou desolada e foi embora reclamando.

CF – E o mais triste?

EMG – Fico muito aflito quando atendo crimes de estupro, atentado violento ao pudor envolvendo crianças; você tenta fazer de tudo para que aquele fato não fique marcado na vida daquele ser inocente, mas é quase impossível.

CF- Quando um acadêmico ou bacharel toma a decisão de ingressar numa carreira pública, qual o primeiro passo a ser dado?

EMG – Decidir qual função ele quer exercer dentro do funcionalismo e lutar por seu objetivo até conseguir, lembrando que se optar por uma carreira, não deverá estudar para outra, somente para aquela que optou até atingir o objetivo.

CF- O que deve esperar o concursando na hora de optar pela carreira de Delegado de Polícia?

EMG – Muitas coisas. É uma carreira bonita, incomparável com qualquer outra principalmente quanto as emoções e decisões. O Delegado decide no calor dos fatos, no momento em que as coisas ocorrem. É muito interessante essa profissão. Eu recomendo.

Publicado em Casos de Sucesso